terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Sobre os Pequenos Delitos Cotidianos e as Dorgas, Manolo.



É estranho perceber como tantas pessoas apoiam e ficam eufóricas com uma felicidade de quase gozo em relação as punições extremas aplicadas em alguns países. Neste início de 2015, muito se fala a respeito de um determinado traficante condenado a morte num pais oriental, com isso,  tenho visto muitas coisas do tipo “ Fulano pra presidente do Brasil!”, “Aqui tinha mais era que ser assim!”, “ Precisamos de punições  assim!”, “ Se aqui fosse igual, a coisa não estaria como está!” e diversas outras frases seguindo estes padrões.

Velho, é sério mesmo? Todos vocês que repetem estas bobagens realmente sabem do que estão falando? Pois eu duvido. Entendam uma coisa, todos vocês estariam fodidos caso adotássemos um sistema extremo como estes que vocês tanto aplaudem. Repito, todos vocês estariam FODIDOS.  E sabem por quê? Porque pouquíssimas pessoas seguem a lei e ponto final. 

O que temos são pessoas que, por algum motivo se julgam idôneas por considerarem a “pequena” infração ou corrupção praticada no dia a dia, como algo inofensivo e que não existe mal algum em fazer o que todo mundo sabe que não se pode fazer, mas ainda assim o fazem. São tantos os exemplos que não caberiam num só paragrafo, uma carteirinha falsificada, um gato na tv a cabo, a compra de um DVD pirata, um suborno entregue ao guarda para não receber uma multa, um caso extra conjugal, umas cervejinhas antes de dirigir, não devolver aquele troco a mais que veio errado, encontrar um objeto de valor na rua e ficar com o mesmo para si, e daí pra frente.
  
Se você não apoia ou não pratica uma pequena corrupção diária (que eu duvido muito) tenha certeza que seu pai, sua mãe, seus irmãos, tios, avós, amigos ou algum ente querido, pratica, praticaram ou são cúmplices de alguma delas e um de vocês, dentro de um sistema legal seguido a risca, acabariam por tomar no meio do rabo de alguma maneira.  “Ah! Mas se eu ficar com o troco a mais que me deram por engano ninguém vai morrer por isso!” Neste caso a questão não é essa, pequeno moralista, e sim a sua atitude de escamotear algo que não é seu, foda-se se é grande ou pequeno, valioso ou sem valor, se não é seu você está tomando posse de algo de forma indevida, tecnicamente, é o mesmo que apropriação indébita, ou seja, crime que daria de 1 a 4 anos de prisão aqui no Brasil.

Entendem o raciocínio? Todos estes  que aplaudem as tais punições exageradas aplicadas nas pessoas que quebram as regras, são justamente as pessoas que rotineiramente quebram as mesmas regras, em escala menor ou maior.

Se o sistema legal atual de nosso país não é passível de ser seguido na íntegra, imaginem estes sistemas de outros países que tantos querem trazer até o nosso. Aconteceria que grande parte da população (incluindo os defensores das punições exageradas) ao caírem nas mãos da justiça, teriam suas vidas absurdamente prejudicadas por estarem agindo de forma normal, segundo seu próprio julgamento.

"Ok, mas o cara lá era traficante! Era um bandido, e todos sabemos que bandido bom é bandido morto! Se você ta com pena leva ele pra casa!"

Bom, então retomando o inicio do post, sobre a punição recebida pelo traficante brasileiro na indonésia,vamos refletir sobre a política de combate as drogas que muitos defendem. Para isso, vamos analisar uma excelente arte de Stuart McMilen.

Antes de tudo, quero deixar claro que o traficante referido não me é admirado em nenhum aspecto. Até onde sei, era o típico playboy baladeiro e obtuso como tantos outros por aí. Considero apenas um azarado que estava no lugar errado na hora errada, fazendo algo que independente da sua opinião, meu amigo, é algo muito normal e antigo, vender substancias entorpecentes para pessoas adultas que queiram usa-las, que independente da proibição continuarão usando.

Então, vamos separar as crianças dos adultos, se liga que o papo é reto:


























 
Então era isso! Espero ter conseguido passar a bola! Tenham todos um excelente inicio, meio ou final de semana.

3 comentários:

  1. Caro Cuervo, infelizmente vivemos em uma sociedade que a base da formação é o pragmatismo e o construtivismo social, a qual políticos e sensacionalistas midiáticos, atuam como verdadeiros "juízes de plantão, impondo na mente das pessoas um discurso repressivo de direito penal maximalista, assim, desviando a atenção de dos verdadeiros problemas sociais. Afora isso, instituindo um direito penal do autor, o qual induz a sociedade a condenar a pessoa pelo que ela é -O TRAFICANTE- ou - O MACONHEIRO - conceito extremamente ultrapassado. Essas pessoas que vos manipulam não tem o conhecimento necessário para dizer esse tipo de coisa. Aqui nesse país todos querem aplicar o " direito penal do inimigo" e o modelo "Law an Order" e nem sabem o que significa. De recordar que "O MACONHEIRO" ou "O TRAFICANTE", em um outro momento da historia e usando o mesmo discurso de punir alguém pelo que ele é, o traficante(era o Judeu). Na Alemanha o discurso utilizado foi punir a pessoa pelo que ela era, e não pelo que ela fez(o fato). Enfim, para alguém se manifestar a respeito de qualquer pena aplicada aqui no Brasil, ou falar de política criminal, criminologia, vitimologia e penologia, espero que ela ao menos saiba o que isso significa para não sair expressando opiniões inócuas. Ass: Travalha!

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    1. Obrigado Dr. Travalha! Agradeço a visita aqui no nosso blog e concordo que antes de tudo, temos que nos informar e adquirir conhecimento sobre o que tentamos expressar em publico. Continue visitando nosso Blog!

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