No dia 25 de
janeiro de 1835 em Salvador, Bahia, ocorreu uma mobilização de escravos de
origem islâmica que lutaram contra o regime da época para libertar todos os
africanos muçulmanos da região e também para tomar o poder do governo. Esta
mobilização ficou conhecida como Revolta dos Malês e embora houvessem outras
etnias envolvidas a sua grande maioria era constituída pelos Nagôs.
Esta
mobilização durou apenas uma noite e após a vitória das tropas imperiais,
alguns nagôs foram presos, outros deportados e outros condenados a morte.
Anos depois,
os participantes que foram libertos junto com os que não ficaram tão
debilitados formaram um grande grupo nômade que
adentrou os sertões da Bahia. Deste grande grupo muitos foram fixando moradia
ao longo do caminho, percurso este que saiu da Bahia, passando por Espírito
Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
A partir de
São Paulo houve uma divisão do grupo, uma parte foi para a Província de Mato
Grosso onde fundaram aldeias em diversos locais e tiveram até participação na
fundação de onde hoje é atual capital, Cuiabá. A outra parte, por volta de
1850, chega a Quinta Comarca da província de São Paulo, atual Paraná.
Neste
percurso, os nômades foram se mesclando as etnias indígenas assim como com
outras etnias africanas que encontravam pelo caminho. Formaram uma sociedade
relativamente bem organizada tendo como lideres Sebastião Subtil e Domingos
Subtil. Do sobrenome destes líderes surge o termo que definiria este grupo, os
Sutís.
No norte do
Paraná, a miscigenação dos Sutis com os índios Guaranis dá origem aos caboclos
Arés que formaram uma aldeia onde, de acordo com as tradições antigas da
região, havia um curandeiro muito poderoso conhecido como Pai Sandú que
orientava e auxiliava as pessoas que por ali viviam. Sua fama acabou chegando a
outras regiões, pois a vila onde residia era no meio de um caminho de passagem
comum aos índios antigos e que posteriormente foi utilizado pelos Sutís, ex
escravos, caçadores e anos mais tarde pelos bandeirantes e tropeiros que ao
passarem por lá ouviam historias e as levavam adiante. Com isso, o lugar ficou
conhecido como Vila Do Pai Sandú.
Na mata densa
um ponto de referencia no meio da trilha aos arredores da Vila era um pequeno
cemitério indígena, que como qualquer outro cemitério deveria estar
propositalmente num local diferenciado. Os cemitérios indígenas eram escolhidos
através de observações feitas por um Sacerdote que analisava as pedras, as
plantas, o sol, as estrelas e também através de contatos com entidades de
outros planos. Assim que o local era escolhido as pessoas seriam enterradas e
aquele local passaria a ser uma das portas de contato com os planos e seres de
outras realidades. Este cemitério referido foi assimilado culturalmente pelos
Arés.
Cemitérios,
Igrejas, monumentos e muitos lugares sagrados e ou importantes da antiguidade
foram construídos propositalmente no local onde estão. Esta escolha era feita,
pois os envolvidos nas construções conheciam e utilizavam das energias que se
localizavam nestes pontos específicos. Para se ter uma idéia de como estas energias
podem atuar, é só lembrar de qualquer coisa que tenha ouvido sobre o Triangulo
das Bermudas.
Com o passar
dos tempos, esse conhecimento dos “lugares especiais” ficou restrito a um
numero muito reduzido de pessoas que identificam estes locais através das
Linhas Ley, que é um assunto que vou
abordar futuramente, por hora basta saber que estas linhas são linhas de
energia que permeiam todo o globo terrestre e onde elas se cruzam acontecem
coisas nada convencionais.
Sabendo que
os cemitérios indígenas são construídos nos cruzamentos das linhas Ley, podemos
deduzir que estes locais estão repletos de energias e seres astrais que ali
podem se manifestar no plano material denso, muitas vezes a interação destas energias/seres
com os seres humanos acaba causando problemas devido a estranheza do fato.
Décadas se
passaram e hoje onde haviam trilhas existem estradas, onde haviam aldeias
existem cidades e apesar do crescimento moderno algumas coisas resistem a tudo.
É o caso de alguns lugares que mesmo nos dias atuais são conhecidos por suas
historias e fatos estranhos. O cemitério que era referencia nas trilhas antigas
ainda existe e esta localizado próximo
da PR 323 num município hoje conhecido como Paiçandu, no Paraná.
Atualmente
este lugar carrega a fama de mal assombrado e muitos moradores da região contam
sobre aparições de seres que apresentam características não humanas algumas
vezes com aspectos bizarros. Muitas pessoas associam os acidentes que ocorrem
na região a ma fama do cemitério. Dos tropeiros aos motoristas atuais, a
história de que algo os atrapalha no caminho sempre se repete.
O fato de
adeptos da Umbanda e do Candomblé utilizarem eventualmente o cemitério para
realizações de alguns rituais também colaborou para que a fama de mal
assombrado se espalhasse mais ainda. É desnecessário explanar sobre o
preconceito existente em relação a estas tradições que mesmo nos dias de hoje
são consideradas como “coisa do diabo”.
Anos após os
bandeirantes chegarem ao local foram chegando também fazendeiros, comerciantes
e aventureiros que aos poucos expulsaram e eliminaram os Caboclos de suas
terras. Com a saída dos caboclos, o cemitério virou uma espécie de lugar para
sepultar pessoas que não poderiam ser enterradas no cemitério oficial da
cidade. Os moradores passaram a se referir ao local como Cemitério Dos
Caboclos, onde eram enterrados ladrões, assassinos e indigentes em geral que ao
serem eliminados em conflitos eram enterrados ali, pois geralmente não possuíam
vínculos familiares na região, eram vagabundos aventureiros. Os antigos
moradores acreditam que esta profanação de algum modo gerou uma série de maus
fluidos que por ali ainda circulam.
Fazendo uma
busca simples e rápida no Google utilizando as palavras "acidente PR 323
cemitério caboclos" encontrei de cara vários acidentes que ocorreram de
fato praticamente em frente o cemitério, vamos destacar aqui os primeiros 13
que apareceram:
21/07/2015
Motociclista
perde o controle e bate num outro veículo que se choca com outro veículo.
Nenhuma morte, apenas feridos.
26/10/2014
Três veículos
se chocam devido a uma ultrapassagem irregular. Uma Morte, dois feridos.
11/07/2013
Um jovem de
23 anos perde o controle do veiculo e colide com um caminhão. Nenhuma morte,
apenas feridos.
14/04/2015
Condutor
perde a direção e se choca com outro veiculo. Nenhuma morte, apenas feridos.
10/07/2013
Uma carreta
invade a pista contraria e colide com um veiculo. Quatro mortes e quatro
feridos.
12/09/2014
Motorista
ultrapassa e colide com uma carreta que vinha na pista contrária. Uma morte e
um ferido.
04/03/2012
Carro colide
com caminhão por motivos não identificados. Nenhuma morte, três feridos.
26/10/2015
Veiculo se
choca contra caminhão devido a uma ultrapassagem irregular.
27/10/2012
Carro colide
com ônibus devido a ultrapassagem. Não houve mortes, apenas feridos.
01/01/2014
Carro perde o
controle e capota fora da pista. Uma pessoa se fere gravemente.
29/12/2013
Dois
caminhões colidem e um carro se choca com ambos, o condutor do carro morre na
hora.
27/04/2013
Carro colide
com ônibus por motivos desconhecidos, sem mortes.
21/12/2013
Carro perde o
controle e capota levando o condutor a óbito no local.
O Heresias Compartilhadas foi até o cemitério para conhece-lo e também para conseguir boas imagens. Fotos de Cahuê Sanches.
Na historia
atual do Paraná a etnia Aré foi dissolvida e esquecida, nada se vê nos livros
de historia sobre estes antigos habitantes da região. Pouco se fala sobre os
Sutís e os remanescentes que ainda vivem no norte do Paraná não praticam seus
antigos costumes e rituais e pouco sabem de suas origens.
Observando com atenção nota-se que os muros não estão lá a tanto tempo quanto a existência
do cemitério, acredito que ele foi construído para demarcar mas provavelmente há restos mortais enterrados fora dos muros.
É triste ver
como as pessoas tratam de forma desrespeitosa as antigas tradições e crenças que
divergem da cristã. Apesar do cemitério ainda ser considerado sagrado para
alguns, a grande maioria das pessoas da região o consideram como um local
associado com o mal.
E para finalizar, um vídeo da entrada do cemitério:
Então era isso, espero ter conseguido passar essa primeira bola de 2016.
Tenham todos um bom inicio, meio ou final de semana.