domingo, 16 de fevereiro de 2014

Sobre o Carnaval o Fascismo e o Hieros Gamos.

Em diversas tradições de todos os tempos conhecidos pelo homem, há um grupo determinado de pessoas que buscam algo que está além da compreensão da maioria. Através de procedimentos, orações, técnicas respiratórias, ingestão de substancias e várias outras formas de entrar num estado alterado mental, os sábios e iniciados de todas as épocas procuraram saltar nosso estado limitado de consciência para  adentrarem num outro plano, onde não existem as limitações do nosso PMD. Dentre as várias formas de se fazer isso, falaremos de uma bem interessante, o  HIEROS GAMOS.
O participante do Hieros Gamos busca se estabelecer, mesmo que de modo fugaz, num estado alterado onde alcança um êxtase espiritual entrando em contato com o que considera ser o seu Deus. Para isso,  por meio de toda uma ritualística pré determinada e bem organizada por um sacerdote, o participante no ápice da cerimônia entra num estado onde sua mente é completamente esvaziada de todas idéias e pensamentos, liberta de toda a carga. Este é o momento no qual o ser ultrapassa o PMD e entra em contato com outros planos e estados alterados de consciência.  
O que diferencia os Hieros Gamos da maioria dos outros procedimentos é que ele deve ser praticado  em grupo num cerimonial onde tudo gira em torno de profundas e intensas relações físicas entre os participantes, homens e mulheres.Uma verdadeira suruba sagrada.
Na antiguidade, o sexo era visto de uma forma bem diferente da atual. O sexo gera a vida, um milagre, e milagres são patrimônios dos Deuses. A mulher possui a capacidade de abrigar a vida em seu interior, o que faz dela sagrada e divina. Estes são alguns dos preceitos da antiguidade que são comuns ao Hieros Gamos.
Mas, adivinhem só quem aparece pra empatar a foda de todos? A Igreja Católica, é claro. A  ICAR observando aquela putaria toda,  percebe que usar o Sexo para comunhão com deus não era interessante para seus planos e, como é de costume, demonizou  todos os  praticantes,  rituais, sacerdotes e tudo que fosse relacionado ao  sexo e a prática dele.
Com a perseguição religiosa, os Hieros Gamos passaram a ser celebrados disfarçados de bailes de máscaras, também conhecidos como Carnavais, organizadas mais ou menos entre 23 de Dezembro e 6 de Janeiro e, apesar de serem feitas de uma forma bem mais discreta, ainda eram regadas com muito sexo, danças, e troca de presentes entre as pessoas ( que veio a reforçar o habito de trocas de presentes no natal). Para não coincidir com as festividades de Solis Invictus, os romanos acabaram empurrando esta data para frente no calendário até chegar a fevereiro/março.
A origem do nome Carnaval ao contrário do que muitos pensam, não tem nada a ver com “desejos carnais” e sim com “Carrus Navalis” (Carro Naval) referente a barca de Apolo que era levada através das multidões nas ruas. Esta barca  era a versão romana da Barca de Caronte, que por sua vez, era a versão grega da Arca da Aliança, que era a versão judaica da Barca de Ísis.
As máscaras de carnaval são versões das máscaras dos deuses egípcios nos rituais mencionados. Desta maneira, os sacerdotes dos deuses antigos (agora já totalmente escondidos em sociedades secretas) podiam se reunir em Bailes de Máscaras e, longe dos olhares da Igreja, realizar seus rituais em paz. 
Com o passar dos séculos, alguns aspectos das tradições foram  popularizados e profanados e atualmente temos o carnaval como o vemos hoje em dia.
Aqui no Brasil, o costume do carnaval chegou junto com os Portugueses e na época todos  celebravam  de uma forma bem diferente da de hoje. Existiam as guerrinhas de bolas d'água, onde todos se golpeavam  com bolas de cera cheias de água (Que na verdade, ainda devem existir em algumas cidades do interior do país), haviam encenações improvisadas em bailes com máscaras onde as pessoas bêbadas costumavam satirizar personagens importantes da corte e do exército e havia  também a boa e velha esbórnia. Em resumo, durante muito tempo o Carnaval brasileiro foi uma grande algazarra completamente sem noção e sem vínculo algum com a imagem do País.
Mas supunha que, de repente, um ditador metódico, fascista e militar tivesse o direito de regular esta bagunça  para torná-la o orgulho na nação?
Naturalmente, como em um desfile patriótico, os carnavalescos orientados pelo Ditador, marchariam em linha reta, com o tempo cronometrado onde passariam  diante das autoridades que avaliariam a organização, o figurino,  a média de acertos do grupo, dando notas de 0 a 10 e para as apresentações, obrigatoriamente, haveria um acompanhamento musical, com arranjos e canções  feitos “pelo povão” que fariam apenas referencias as belezas do local, exaltando a pátria e livrando a todos das influencias estrangeiras.
E foi exatamente assim que surgiram os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Seu formato atual deve muito a costumes e ideologias fascistas  de 1930, além do interesse do presidente Getulio Vargas misturar sua imagem a cultura nacional e popular, seguindo os passos de Mussolini na Italia. Assim, com ajuda financeira, e todo o apoio de Getúlio, as primeiras escolas se apresentavam na Av. Rio Branco, o mesmo local onde aconteciam os desfiles do dia 7 de setembro. A primeira escola de samba que se tem noticia, a Deixa Falar, desfilou diversas vezes utilizando na comissão de frente os cavalos dos PMs do Rio, assim como utilizando os instrumentos das bandas dos exércitos.
Deixa Falar, a primeira escola de samba que se tem noticias.
Mas, em nenhum momento houve uma imposição, pelo contrário, o povão abraçou a idéia que aos poucos foi sendo difundida pelo País e hoje o Carnaval é um dos grandes orgulhos do povo brasileiro. Grande merda.
E depois deste entrevero todo, novamente percebemos como algumas coisas resistem ao tempo e permanecem até os dias de hoje. Com isso, podemos inferir estranhamente que um ritual pagão somado a influencia do fascismo italiano deu origem aos desfiles das escolas de samba fazendo com que o Carnaval se tornasse marca registrada do nosso Brasil varonil.


Então era isso, espero ter conseguido passar a bola.
Tenham todos um excelente inicio, meio ou final de semana.