terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sobre o Papai Noel, a Amanita Muscaria e a Coca - Cola.

O dia 25 de dezembro hoje em dia - Por conta da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) - é associado ao nascimento de um cara barbudo e cabeludo que andava sobre a água, ressuscitava mortos e que acabaria morrendo crucificado. A mesma data também é associada a um gordo vestido de vermelho que, a meia noite entra nas casas das pessoas para deixar algum presente debaixo de uma arvorezinha cheia de luzes e bolas coloridas. A história do cabeludo nós já vimos AQUI, a do dia 25 de Dezembro vimos AQUI, e agora veremos um pouco da história deste gordo vestido de vermelho.


Existia um povo numa época remota onde hoje se localiza a Sibéria, que vivia de acordo com as tradições Xamãnicas da região e da época (E hoje naquela região ainda há um povo descendente que vive de maneira semelhante), eram conhecidos como O Povo das Renas.



As renas eram consideradas sagradas para aquele povo, eram vistas como a manifestação de um Grande Espírito que, invocado pelos Xamãs, auxiliava nas decisões para resolução dos problemas individuais e comunitários. Na sua viagem astral, para encontrar com os espíritos superiores ,os Xamãs em transe, utilizavam um trenó astral conduzido por renas voadoras.



De acordo com suas tradições Xamânicas, este povo realizava um ritual no Solstício de Inverno, para celebrar o término de um ciclo e dar boas vindas ao novo. Para realizarem esta celebração, os Xamãs iam em busca de um ingrediente essencial para todo o ritual, a Amanita Muscaria.

Ao saírem pela manhã para coletarem os cogumelos, os Xamãs vestiam-se com casacos grandes e botas reforçadas feitas de couro de rena e um saco para guardarem suas coletas. Estes simpáticos cogumelos geralmente crescem em lugares específicos e, com condições específicas, comumente depois de uma noite de muito orvalho aos pés de árvores da família das Pinaceae, em lugares onde a neve ainda não encobriu toda a vegetação. Uma das árvores desta família é o Abeto.



Agora imaginem esta arvorezinha coberta de orvalho, logo nas primeiras horas da manhã com os raios de sol refletindo nas pequenas gotas, fazendo com que pareçam pequenas luzes que acendem e apagam. Isso te lembrou algo?

Ao retornarem para suas casas ( Que eram muito parecidas com aquelas casinhas dos índios que vemos nos desenhos do Pica-pau, só que bem maiores), os Xamãs utilizavam a abertura que ficava na parte superior ( Isso mesmo, a Chaminé da casa) para entrarem, pois, muitas vezes a neve tinha encoberto a entrada principal. Dentro da casa já havia uma estrutura feita com galhos de Abeto, próximos a fogueira central da casa, onde os Xamãs penduravam os cogumelos para que estes pudessem ser desidratados, com o intuito de diminuir sua toxicidade e liberar ainda mais suas propriedades enteógenas.

Depois de todo este preparo, no dia da festa/celebração/ritual os Xamãs distribuíam os Cogumelos(presentes) entre os membros do povoado e, todos comemoravam o Solstício de Inverno chapadões de cogumelos, comendo churrasco de rena e bebendo pra caralho.



Depois de alguns séculos a ICAR reuniu características destes Xamãs, com características de diversas outras divindades pagãs, inventou e modificou algumas coisinhas aqui outras acolá e criaram um santo para ser assimilado por todos, surgindo assim a figura de São Nicolau com seus trajes verdes.



Mais alguns séculos depois, um desenhista e alquimista chamado Thomas Nast fez uma representação de São Nicolau, usando as três cores da Alquimia, o preto, o branco e o vermelho (Albedo, Nigredo e Rubedo) em um de seus trabalhos. No final do Séc. XX a Coca-Cola fez uma puta de uma propaganda maciça de seu produto, usando o desenho de Nast. E assim, finalmente todos assimilaram a imagem do Papai Noel que temos hoje.



Então meu amigo cristão, se você celebra o Natal acreditando estar homenageando seu deus, reveja seus conceitos.

E já que é pra celebrar, façamos da maneira mais próxima da original, não temos Amanita Muscaria, mas temos a Psilocybe cubensis, não temos carne de rena mas temos carne de gado e para beber opções não faltam, eu vou de cerveja!

Então era isso! Espero ter conseguido passar a bola.
Até a próxima.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sobre o Rock e o Oculto. Parte II - A Grande Besta e o Sargento Pimenta



Edward Alexander Crowley era filho de dois membros devotos de uma faccção cristã conservadora,denominada Irmandade de Plymouth, um rico cervejeiro chamado Edward Crowley e sua esposa Emily. Eles moravam em Leamington Spa, Warwickshire, sob um estado de respeitabilidade vitoriana, e ali Mr. Crowley nasceu no dia 12 de outubro de 1875.

Talvez eles fossem simplesmente devotos e respeitáveis de mais. Seu talentoso filho reprimido sofria em uma atmosfera de crenças limitadas, quando ele se rebelou sua mãe lhe disse que ele estava sendo tão ruim quanto a Grande Besta do livro das revelações. Isso parece ter fixado na mente de Crowley porque, quando ele se tornou um homem ele assumiu o título de a Grande Besta - até mesmo a ponto de ter essas palavras impressas em seu cartão de visitas.

Em 5 de marco de 1887, quando Crowley tinha apenas onze anos, seu pai morreu de cancêr de língua. Algum tempo depois foi enviado a uma escola da irmandade de Plymouth, mas foi expulso por tentar "corromper" outro garoto. Depois passou por outras duas escolas, sempre caosando por onde passasse. Tornou-se extremamente cético sobre o cristianismo e foi contra a moralidade Cristã da qual foi ensinado.



Crowley herdou uma fortuna substancial de seu pai. Ele foi para faculdade de Trinity,Cambridge e, por ter rejeitado totalmente a religião de seus pais, passou a se interessar pelo oculto. Com o tempo, ele se juntou à Ordem Hermética da Golden Dawn, que tinha muitas pessoas importantes entre seus iniciados. Ele também viajou ostensivamente no Oriente, aprendento os sistemas ocultistas orientais.

Em Abril de 1904 numa de suas viagens ao Egito, Crowley participou de alguns rituais magísticos juntamente com sua então esposa Rose Kelly, e num destes rituais Crowley afirmou ter recebido mensagens de alguns entes poderosos, dentre eles o autoentitulado Aiwass. Destas mensagens ele compos tres capítulos de um manuscrito chamado Liber Legis,o Livro da Lei, contendo mensagens sobre a Nova Era/Eon e a nova lei da humanidade a Lei de Thelema.

Deste livro vem o famoso e talvez mais importante atestado ocultista que, iria influenciar fodasticamente muitos cabeludos insanos séculos mais tarde:" Faze o que tu queres, há de ser tudo da lei. O Amor é a Lei, o Amor sob vontade". Nesse manuscrito Crowley baseou toda sua vida, obras e ensinamentos posteriores.



Algum tempo depois Crowley se desentendeu sérimente com o Líder da Golden Dawn, Mac Gregor Mathers. Com isso acaba saindo da ordem e fundando a sua própria, a Argentinum Astrum ou Estrela de Prata, abreviada como A.A..

Crowley foi um pagão, poeta, escalador de montanhas, mago e profeta. Viajou pelo mundo e foi um explorador audaz do perigoso mundo interior das drogas. Durante toda sua vida adulta chamou muito a atenção por conta de sua inteligencia, sagacidade, personalidade marcante e excessos. Escandalizou grande parte do mundo com suas declarações polêmicas e atitudes subversivas,sendo até expulso de Cecília na Itália por Mussoline, devido a uma tentativa de fundar uma Sociedade Alternativa com base na lei Thelemista( Qualquer semelhança com aquela história de um certo Maluco Beleza Não é méra coincidência). Em outra ocasião levantou-se contra Hitler, ajudando Winston Churchil com informações de ordens místicas sobre o grupo do Fuhrer. Não dispensava boas bebedeiras, orgias, esbórnias e sacanagens em geral.

Seus últimos anos, a partir de 1945, são vividos em Hastings, onde uma série de novos discípulos continuam recebendo instruções. E assim Kenneth Grant, John Symonds, Grady McMurty, conhecem a Besta. Desta época, vem sua última obra, consistindo numa coletânea de cartas dirigidas a uma jovem discípula, que foram publicadas bem mais tarde, após a sua morte, como Magick Without Tears.

No primeiro dia de dezembro de 1947, aos 72 (imaginem este número ao contrário e guardem ae na memória, hehehehe) anos, Aleister Crowley, serenamente segundo alguns, exultante segundo outros e ainda perplexo, segundo terceiros, falece, vítima de bronquite crônica e complicações cardíacas.

Quatro dias depois, no crematório de Brighton, assistido por um reduzido número de admiradores e discípulos, é realizada a cerimônia que ficou conhecida como "O Último Ritual", com a leitura de trechos da Missa Gnóstica, e de seu famoso Hino, a Pã.

20 anos após sua morte,ele surge na capa de um dos discos mais importantes da história do rock:



E como ele foi parar ali?

Crowley Influenciou muitas pessoas com suas idéias e sua Magick, dentre elas um escritor chamado Adous Huxley. Em outubro de 1930, Aleister Crowley jantou com Huxley, em Berlim e introduziu Huxley num mundo paralelo através de uma porta chamada peiote - Uma droga que possui propriedades semelhantes as do LSD - Huxley abriu suas portas da percepção e tornou-se defensor do uso de psicoativos como catalizadores de processos mentais, o mais popular destes psicoativos era o LSD.

Muitos estudiosos e cientistas inspirados em Huxley, usavam e distribuiam o LSD entre amigos e grupos de artistas, que eram vistos como "Grupos de estudos". Era o caso do Dr Robert Freeman que na primavera de 1965, convidou dois amigos para uma jantinha sussa em sua casa. Seus amigos George Harrison e Jhon Lennon, neste dia foram iniciados no mundo psicodélico de forma involuntária. O Doutor fanfarrão batizou com ácido lissérgico o chá que eles estavam tomando após o jantar. Os dois Beatles, acompanhados de suas respectivas esposas, experienciaram uma viagem tão sinistra que, naquela noite tiveram plena certeza de que estavam perdendo o juízo. Iniciou-se assim a entrada do LSD na vida do quarteto de Liverpool.

Pouco tempo depois, Ringo e Mccartney são aplicados na nova descoberta de Lennon e Harrison e passam a usar o LSD com frequência religiosa. Mas ao contrário das outras drogas recreattivas que usavam, esta eles não costumavam usar em grupo. Foram raros os momentos em que isso ocorreu.

O efeito do LSD na mente de algumas pessoas causam um distanciamento tão extremo da conciência lúcida, a ponto de serem distinguidas como algo separado do "eu", abrindo conexões com objetos inconscientes e expandindo a percepção, a ponto de seus usuários sentirem uma espécie de comunicação com um outro mundo, exatamente como os antigos Xamãs faziam - E poucos ainda o fazem.



Os jovens desta época descobriram além do LSD, a literatura dos escritores que eram defensores do uso dos psicoativos e de uma vida fora do padrão imposto - Crowley e Huxley são dois exemplos perfeitos de escritores que influenciaram os jovens - e muito dessa literatura está nas letras de canções que até hoje escutamos.

Ainda em 65 Harrison através de um dos membros da banda The Byrds(numa das gravações do filme Help!), entra em contato com a música indiana e de cara se fascina, começa a se interessar pela cultura e ao ler um livro sobre reencarnação, entra em contato com a religião Hindu(religião que Crowley estudou a fundo). Logo descobre que algumas meditações provocam um estado semelhante e até mais poderoso que o efeito do LSD, e introduz a literatura ocultista oriental para o resto do grupo. Foi um ano de muitas descobertas para todos.

Então, chegamos ao ponto em que surgiu a chapada idéia da capa do disco Sgt Peppers.



Paul (Este mesmo que está na foto acima, num momento Willie Wonka) foi quem surgiu com essa onda de Sgt. Peppers. Almoçando junto com seu camarada(Provavelmente depois de ter fumado uns vários), começou a viajar em nomes aleartórios, ele viu que nos pequenos pacotinhos de sal e pimenta(mais ou menos como os saches de maionese e catchup q temos hoje), haviam identificações respectivas com "S" e "P". Seu camarada teria brincado, dizendo algo como "O que são estas paradinhas? Ah! Sal e Pimenta" (Salt n' Pepper). Paul, brincando com o sotaque de sua terra, repete : "Sgt. Pepper". Segundo o próprio Paul McCartney, ele imediatamente associou Sgt. Pepper como um nome que poderia ser usado como um pseudônimo para os Beatles.

Em plena psicodelia lisérgica, estavam nascendo bandas com nomes tão compridos quanto escrotos, tais como Quicksilver Messenger Service ou Big Brother and the Holding Company. Paul achou que seria legal ter uma extensão para emendar com Sgt. Pepper. Então ele pensou em Lonely Hearts Club, algo meio fora do contexto, exatamente o que ele queria. Para chegar ao Lonely Hearts Club, Paul lembrou do clube que existia perto do ponto de ônibus em Penny Lane,sua cidade natal. Um Lonely Hearts Club é um lugar que pessoas solteiras ou solitárias freqüentam para conhecerem outras pessoas.

A idéia inicial para a capa veio também de McCartney, que desenhou em um pedaço de papel uma multidão em uma praça para assistirem Sgt. Pepper e, sua banda receberem do prefeito uma troféu. Paul contou sua idéia para Robert Frazer que o levou para conhecer Peter Blake, um dos artistas pioneiros e fundadores do Movimento Pop Art. Peter então fez o seu desenho, mudando ligeiramente o conceito inicial, que iria mudar mais algumas vezes até se tornar a capa como nós a conhecemos.



Na primeira reunião entre Blake, Frazer e McCartney, nasceu a idéia da banda escolher a galeria de pessoas a serem representados na capa. Nesta altura do campeonato, os Beatles estavam intimamente envolvidos com os caminhos ocultistas Hindus ( Grande influência de George Harrison), com a literatura sombria dos ativistas pro-lissergia e com os conteúdos inconscientes, liberados pelo uso excessivo de drogas psicoativas. Paul então levanta a proposta com os demais Beatles, sugerindo que todos relacionassem nomes de pessoas que de alguma forma admiravam ou que gostariam de ver na capa apenas para caosar.



Sendo eles de:

John Lennon: Mahatma Gandhi,Adolf Hitler, Jesus Cristo e o Marquês de Sade, os 3 últimos jamais chegando à arte final. Brigitte Bardot, Lord Buckley, James Joyce e Friedrich Nietzsche também acabariam de fora. Suas opções entre os homenageados presentes são Lenny Bruce, ALEISTER CROWLEY, Dylan Thomas, Oscar Wilde, Edgar Allen Poe e Lewis Carroll.

George Harrison: A sua lista só inclui gurus indianos. São eles Sri Mahavatara Babaji (entre William Burroughs e Stan Laurel), Sri Yukteswar Giri (ao lado de Aleister Crowley), Sri Lahiri Mahasaya (entre Albert Stubbins e Lewis Carroll), e Paramahansa Yogananda (ao lado de H.G. Wells).

Ringo Starr: Cara, ele não escolheu ninguém, mas achou legal a idéia...

Paul McCartney: Embora nem todos de sua lista acabassem na arte final, Paul relaciona suas opções como sendo Brigitte Bardot, William Burroughs, Robert Pell, Karlheinz Stockhausen, Aldous Huxley, H.G. Wells, Albert Einstein, Carl Jung, Aubrey Beardsley, Alfred Jarry, Tom Mix, Johnny Weissmuller, Rene Magritte, Tyrone Power, Karl Marx, Richmal Crompton, Dick Barton, Tommy Handley, Albert Stubbins e Fred Astaire.



Com tantas idéias, aprendizados e epifanias para passarem a diante a intenção clara, era de oferecer o máximo de música possível no espaço de um vinil, começa uma nova era de popularidade para o bolachão. Até então, LP's (Long Plays) eram vistos como um veículo para colocar alguns hits somados a o que em inglês se costuma chamar de fillers, ou seja, músicas apenas para completar o vinil. A proposta dos Beatles acaba com este raciocínio e LP's passam a ter uma identidade própria, e em tempo seria suplantado o interesse maior, que sempre fora dado aos compactos. Os Beatles aliás, sempre deram importância para que todas as músicas de seus álbuns fossem de alguma qualidade, mas este é o primeiro álbum que procura demonstrar claramente, com as faixas sem intervalo, que é para se ouvir inteiro uma música após a outra, na ordem apresentada, muito como uma peça de teatro ou um filme. Em retrospectiva, Sgt. Peppers seria visto como o primeiro álbum conceitual da historia, um marco para a história do Rock n Roll.

Mas para o Rock chegar a este ponto, antes passou por algumas fases interessantes e algumas destas fases veremos no próximo post desta série, com muito Rock, sexo, drogas e claro, algumas coisas ocultas.

No próximo post desta série: O Skifle, Leary e as Pedras que Rolam.




Paul Mcartney não morreu e nunca houve um sósia que o substituiu.

A música Lucy in The Sky With Diamond não faz referências subliminares ao LSD. Foi inspirada num desenho feito pelo filho de Lennon.

Os Beatles não fumaram maconha pela primeira vez com Bob Dylan, eles já davam um tapinha na macaca muito antes de o conhecerem.

Charles Manson acreditava que os Beatles eram anjos que se comunicavam com ele através de suas músicas. Com sua loucura, induziu um grupo a realizarem uma chacina da qual foi morta a esposa de Romam Polansk, o diretor do filme O Bebê de Rosimary em 1969.

Jhon Lennon foi assassinado no mesmo dia e mês em que Jim Morrison nasceu, nove anos após a morte de Morrison 08/12/1980.

Pra quem chegou agora recomendo a leitura da primeira parte desta série Sobre o Rock e o Oculto. Parte I - A Encruzilhada.

To be continued...