domingo, 21 de fevereiro de 2016

Sobre o Cemitério Dos Caboclos.

No dia 25 de janeiro de 1835 em Salvador, Bahia, ocorreu uma mobilização de escravos de origem islâmica que lutaram contra o regime da época para libertar todos os africanos muçulmanos da região e também para tomar o poder do governo. Esta mobilização ficou conhecida como Revolta dos Malês e embora houvessem outras etnias envolvidas a sua grande maioria era constituída pelos Nagôs.




Esta mobilização durou apenas uma noite e após a vitória das tropas imperiais, alguns nagôs foram presos, outros deportados e outros condenados a morte. 
Anos depois, os participantes que foram libertos junto com os que não ficaram tão debilitados formaram um grande grupo nômade que adentrou os sertões da Bahia. Deste grande grupo muitos foram fixando moradia ao longo do caminho, percurso este que saiu da Bahia, passando por Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
   
A partir de São Paulo houve uma divisão do grupo, uma parte foi para a Província de Mato Grosso onde fundaram aldeias em diversos locais e tiveram até participação na fundação de onde hoje é atual capital, Cuiabá. A outra parte, por volta de 1850, chega a Quinta Comarca da província de São Paulo, atual Paraná.

Neste percurso, os nômades foram se mesclando as etnias indígenas assim como com outras etnias africanas que encontravam pelo caminho. Formaram uma sociedade relativamente bem organizada tendo como lideres Sebastião Subtil e Domingos Subtil. Do sobrenome destes líderes surge o termo que definiria este grupo, os Sutís.

No norte do Paraná, a miscigenação dos Sutis com os índios Guaranis dá origem aos caboclos Arés que formaram uma aldeia onde, de acordo com as tradições antigas da região, havia um curandeiro muito poderoso conhecido como Pai Sandú que orientava e auxiliava as pessoas que por ali viviam. Sua fama acabou chegando a outras regiões, pois a vila onde residia era no meio de um caminho de passagem comum aos índios antigos e que posteriormente foi utilizado pelos Sutís, ex escravos, caçadores e anos mais tarde pelos bandeirantes e tropeiros que ao passarem por lá ouviam historias e as levavam adiante. Com isso, o lugar ficou conhecido como Vila Do Pai Sandú.

Na mata densa um ponto de referencia no meio da trilha aos arredores da Vila era um pequeno cemitério indígena, que como qualquer outro cemitério deveria estar propositalmente num local diferenciado. Os cemitérios indígenas eram escolhidos através de observações feitas por um Sacerdote que analisava as pedras, as plantas, o sol, as estrelas e também através de contatos com entidades de outros planos. Assim que o local era escolhido as pessoas seriam enterradas e aquele local passaria a ser uma das portas de contato com os planos e seres de outras realidades. Este cemitério referido foi assimilado culturalmente pelos Arés.

Cemitérios, Igrejas, monumentos e muitos lugares sagrados e ou importantes da antiguidade foram construídos propositalmente no local onde estão. Esta escolha era feita, pois os envolvidos nas construções conheciam e utilizavam das energias que se localizavam nestes pontos específicos. Para se ter uma idéia de como estas energias podem atuar, é só lembrar de qualquer coisa que tenha ouvido sobre o Triangulo das Bermudas.

Com o passar dos tempos, esse conhecimento dos “lugares especiais” ficou restrito a um numero muito reduzido de pessoas que identificam estes locais através das Linhas  Ley, que é um assunto que vou abordar futuramente, por hora basta saber que estas linhas são linhas de energia que permeiam todo o globo terrestre e onde elas se cruzam acontecem coisas nada convencionais.

Sabendo que os cemitérios indígenas são construídos nos cruzamentos das linhas Ley, podemos deduzir que estes locais estão repletos de energias e seres astrais que ali podem se manifestar no plano material denso, muitas vezes a interação destas energias/seres com os seres humanos acaba causando problemas devido a estranheza do fato.

Décadas se passaram e hoje onde haviam trilhas existem estradas, onde haviam aldeias existem cidades e apesar do crescimento moderno algumas coisas resistem a tudo. É o caso de alguns lugares que mesmo nos dias atuais são conhecidos por suas historias e fatos estranhos. O cemitério que era referencia nas trilhas antigas ainda existe e esta localizado  próximo da PR 323 num município hoje conhecido como Paiçandu, no Paraná.

Atualmente este lugar carrega a fama de mal assombrado e muitos moradores da região contam sobre aparições de seres que apresentam características não humanas algumas vezes com aspectos bizarros. Muitas pessoas associam os acidentes que ocorrem na região a ma fama do cemitério. Dos tropeiros aos motoristas atuais, a história de que algo os atrapalha no caminho sempre se repete.

O fato de adeptos da Umbanda e do Candomblé utilizarem eventualmente o cemitério para realizações de alguns rituais também colaborou para que a fama de mal assombrado se espalhasse mais ainda. É desnecessário explanar sobre o preconceito existente em relação a estas tradições que mesmo nos dias de hoje são consideradas como “coisa do diabo”.

Anos após os bandeirantes chegarem ao local foram chegando também fazendeiros, comerciantes e aventureiros que aos poucos expulsaram e eliminaram os Caboclos de suas terras. Com a saída dos caboclos, o cemitério virou uma espécie de lugar para sepultar pessoas que não poderiam ser enterradas no cemitério oficial da cidade. Os moradores passaram a se referir ao local como Cemitério Dos Caboclos, onde eram enterrados ladrões, assassinos e indigentes em geral que ao serem eliminados em conflitos eram enterrados ali, pois geralmente não possuíam vínculos familiares na região, eram vagabundos aventureiros. Os antigos moradores acreditam que esta profanação de algum modo gerou uma série de maus fluidos que por ali ainda circulam.

Fazendo uma busca simples e rápida no Google utilizando as palavras "acidente PR 323 cemitério caboclos" encontrei de cara vários acidentes que ocorreram de fato praticamente em frente o cemitério, vamos destacar aqui os primeiros 13 que apareceram:

21/07/2015
Motociclista perde o controle e bate num outro veículo que se choca com outro veículo. Nenhuma morte, apenas feridos.

26/10/2014
Três veículos se chocam devido a uma ultrapassagem irregular. Uma Morte, dois feridos.   

11/07/2013
Um jovem de 23 anos perde o controle do veiculo e colide com um caminhão. Nenhuma morte, apenas feridos.

14/04/2015
Condutor perde a direção e se choca com outro veiculo. Nenhuma morte, apenas feridos.

10/07/2013
Uma carreta invade a pista contraria e colide com um veiculo. Quatro mortes e quatro feridos.

12/09/2014
Motorista ultrapassa e colide com uma carreta que vinha na pista contrária. Uma morte e um ferido.

04/03/2012
Carro colide com caminhão por motivos não identificados. Nenhuma morte, três feridos.

26/10/2015
Veiculo se choca contra caminhão devido a uma ultrapassagem irregular.

27/10/2012
Carro colide com ônibus devido a ultrapassagem. Não houve mortes, apenas feridos.

01/01/2014
Carro perde o controle e capota fora da pista. Uma pessoa se fere gravemente.

29/12/2013
Dois caminhões colidem e um carro se choca com ambos, o condutor do carro morre na hora.

27/04/2013
Carro colide com ônibus por motivos desconhecidos, sem mortes.

21/12/2013
Carro perde o controle e capota levando o condutor a óbito no local.

O Heresias Compartilhadas foi até o cemitério para conhece-lo e também para conseguir boas imagens. Fotos de Cahuê Sanches.










Na historia atual do Paraná a etnia Aré foi dissolvida e esquecida, nada se vê nos livros de historia sobre estes antigos habitantes da região. Pouco se fala sobre os Sutís e os remanescentes que ainda vivem no norte do Paraná não praticam seus antigos costumes e rituais e pouco sabem de suas origens.

Observando com atenção nota-se que os muros não estão lá a tanto tempo quanto a existência do cemitério, acredito que ele foi construído para demarcar mas provavelmente há restos mortais enterrados fora dos muros.

É triste ver como as pessoas tratam de forma desrespeitosa as antigas tradições e crenças que divergem da cristã. Apesar do cemitério ainda ser considerado sagrado para alguns, a grande maioria das pessoas da região o consideram como um local associado com o mal.

E para finalizar, um vídeo da entrada do cemitério:


Então era isso, espero ter conseguido passar essa primeira bola de 2016.
Tenham todos um bom inicio, meio ou final de semana.